O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

"Aparelho excretor não fala. Ninguém do governo confessará nada."

Notas no cu 
do vice-líder do governo; 
são os coliformes que comandam 
ou o Estado confunde-se com a falta de saneamento? 

– De quem são as cédulas? 
– Por que eu deveria saber? 
– Talvez porque estavam dentro de Vossa Excelência?
– Aparelho excretor não fala. Ninguém do governo confessará nada. 

O valioso orifício anal
do vice-líder do governo 
filmado na ida ao toalete;
quem governa o cu comanda o poder. 

– A quem pertencem as cédulas no interior da Excelência? 
– Devem ser do movimento sem-terra, esse pessoal vive invadindo a propriedade alheia. Foram infiltradas.
– As cédulas? Devemos apreendê-las.
– As notas não, o dinheiro higieniza o governo, mas os coliformes fecais. São infiltrados da esquerda.

A gravação no toalete do vice-líder 
guardada num cofre
por decisão judicial;
o Estado não autoriza o vulgo
a gozar com o filme anal do governo.

– Do banheiro aos comitês, nenhum problema. A ética non olet.
– Talvez estas cédulas resolvam o problema do câmbio!
– Para trocar o país pelo exílio?

No cu
notas para enfrentar uma pandemia mundial.
Mas o governo não tem vocação para o suicídio.

O fascismo,
ou a imitação política
dos coliformes.