Na revista Literatura e Autoritarismo, acabei de publicar o artigo "Biopoder e biopoética na poesia de Julián Axat: 'yluminarya' e o genocídio na
Argentina". Eu havia anunciado nesta nota o trabalho, que está disponível nesta ligação. Nada tenho a acrescentar ao que escrevi naquele momento, exceto a bela notícia de que Julián Axat terminou um livro novo de poesia. Alguns dos poemas novos podem ser lidos no blogue de poesia do autor.
A revista lançou o dossiê Imagens da Devastação, organizado pelos professores Eduardo Sterzi, Ana Maria Domingues de Oliveira e Marcus Brasileiro. O tema que escolhi foi o do genocídio na Argentina. Como há diversas devastações, os outros autores escolheram assuntos bem diversos, como as imagens de guerra no espaço urbano, tema do texto de Fabio Weintraub, que analisa a poesia de Ronald Polito.
Na apresentação, lemos que "Razões não faltam para que o nosso tempo seja visto como um tempo de devastação"; uma delas, lembram os organizadores, é a destruição da Amazônia, que se converte em soja, pasto e na obscuridade programada das usinas hidrelétricas.
Eis o sumário do Dossiê, que conta com uma tradução feita por Idelber Avelar, além dos artigos abaixo indicados:
SUMÁRIO
ENTRE VIVOS E MORTOS:
IMAGEM E MEMÓRIA
Kelvin Falcão Klein
FRAGMENTOS DE LUZ, MEMÓRIAS DA DESTRUIÇÃO
Gustavo Silveira Ribeiro
A POÉTICA DA DEVASTAÇÃO DE YAN LIANKE
Carlos
Eduardo Bione
BIOPODER E BIOPOÉTICA
NA POESIA DE JULIÁN AXAT: YLUMINARYA E O GENOCÍDIO NA ARGENTINA
Pádua Fernandes
INVENTARIANDO DECEPÇÕES: A DEVASTAÇÃO DA GUERRA EM
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
Tatiana Sena
A MANAUS DEVASTADA EM DOIS IRMÃOS DE
MILTON HATOUM
Katrym Aline Bordinhão dos Santos
MEU PRIMEIRO BUNKER: IMAGINÁRIO BÉLICO EM
TERMINAL, DE RONALD POLITO
Fabio Weintraub
O FURACÃO KATRINA: NOVA ORLEANS PERDIDA NA
ENCHENTE
Greil Marcus
Werner Sollors
(Tradução de Idelber
Avelar)
O palco e o mundo
Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras. Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem".
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Impossível não associar com nossas feridas daqui. Tocante o artigo, revelando esse poeta também emocionante (ao menos para mim, que não o conhecia)e sua capacidade de dar sepultamento aos mortos na poesia, já que eles não puderam tê-lo em outro lugar. Uma frase me tocou, em especial, e poderia perfeitamente servir ao contexto de outra devastação: “Leviatán gusta tragarse / toda la luz” (Axat, 2008, p. 60). Transporia assim: "Leviatán gusta tragarse/todos los rios". Abraço, Adriana.
ResponderExcluirObrigado. Acho que "Leviatán gusta tragarse/todos los rios" deve ser a versão de Dilma Rousseff para transpor antigos projetos de Médici...
ResponderExcluirAbraços, Pádua.