Diego Callazans, depois do romance Urinol, lançou a novela Teresa. 2021 foi um ano produtivo para o escritor. Também neste caso, tive a honra de escrever a orelha, que transcrevo abaixo.
A arquejante Teresa, de Castro Alves; a de Manuel Bandeira, capaz de inspirar a criação do mundo; a Tereza Batista, de Jorge Amado; a mais recente, e ironicamente santificada, de Micheliny Verunschk; são muitas na literatura brasileira. A essa galeria, Diego Callazans vem trazer a protagonista deste livro. Desde 2013, o autor publicou duas reuniões de poesia, um volume de contos e um romance, além de vários textos em revistas e portais. Surge agora esta Teresa, sua primeira novela. A jovem sai do interior de Santa Catarina e muda-se para a capital; essa dualidade torna-se o princípio gerador da história. A protagonista divide-se entre a imagem e o trabalho de prostituta, para o qual adota o nome Laura; o personagem do político divide-se entre a imagem respeitável e suas práticas de gângster. O conflito entre as imagens sociais e o mundo às sombras prossegue na revelação gradativa da verdade sobre seus pais: primeiro, sobre a mãe, depois sobre o pai, que havia se suicidado.
De forma parecida com o que ocorre em Urinol, o amor entre mulheres é um elemento importante na história. O leitor dos outros livros de prosa de ficção de Diego Callazans reconhecerá outras características dessa escrita, como o uso do narrador em terceira pessoa curiosamente distanciado, que se interessa em informar friamente o destino dos personagens após a trama.
No entanto, neste livro a resolução do jogo de duplos no campo familiar e privado se encontra com o desvelamento que ocorre no plano público. Nesse sentido, Teresa reflete certos processos políticos da atualidade e é uma mulher (e um livro) bem de nosso tempo.
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