O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

sábado, 1 de novembro de 2014

Algo como um poema, "Juiz não é deus"



"Juiz não é deus", afirmou o incréu,
insultando toda a Magistratura,
como se o Tribunal não fora um céu
nem nossos Subsídios, estrelas na altura.

– Disse-o após descobrir na Angels' Hell
o Juiz deitado em menor impura;
condenamo-la por má-fé e o fel
que fez o Juiz quebrar a viatura.

– Ao policial, daremos que pena?
–  "Juiz não é deus", disse, mas tirar
a vida sempre foi mister divino.

– Mesmo a pena capital se apequena.
A justiça é sede, Juiz é mar.
O insulto é mais vasto do que os castigos.


– "Juiz não é deus", mas como o afirmar,
sua própria boca vive do trigo
liberado na Justiça apesar
de transgênico e também cancerígeno.

– Se a sua voz se propagou no ar
que autorizamos, oxigênio in vitro,
abolindo a lei ambiental e o luar,
com as buzinas incompatível?

– "Juiz não é deus", blasfemou o ateu,
aguarda então uma sentença injusta,
e isso Nos libera, data venia

Dos que discordam do infarto ao réu.
– O coração ao processo se ajusta.
– Somos o sangue, o réu Nos dá a veia. 


P.S.: O poema foi publicado em Canção de ninar com fuzis.

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