– "Juiz não é deus", afirmou o incréu,
insultando toda a Magistratura,
como se o Tribunal não fora um céu
nem nossos Subsídios, estrelas na altura.
– Disse-o após descobrir na Angels' Hell
o Juiz deitado em menor impura;
condenamo-la por má-fé e o fel
que fez o Juiz quebrar a viatura.
– Ao policial, daremos que pena?
– "Juiz não é deus", disse, mas tirar
a vida sempre foi mister divino.
– Mesmo a pena capital se apequena.
A justiça é sede, Juiz é mar.
O insulto é mais vasto do que os castigos.
– "Juiz não é deus", mas como o afirmar,
sua própria boca vive do trigo
liberado na Justiça apesar
de transgênico e também cancerígeno.
– Se a sua voz se propagou no ar
que autorizamos, oxigênio in vitro,
abolindo a lei ambiental e o luar,
com as buzinas incompatível?
– "Juiz não é deus", blasfemou o ateu,
aguarda então uma sentença injusta,
e isso Nos libera, data venia
Dos que discordam do infarto ao réu.
– O coração ao processo se ajusta.
– Somos o sangue, o réu Nos dá a veia.
P.S.: O poema foi publicado em Canção de ninar com fuzis.
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