O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras. Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem".

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Algo como um poema: "O poeta que fora de esquerda"

 

O poeta que fora de esquerda
agora a encerrar discussões
com uma cédula no fim da fala

O poeta antes anti-
-establishment a estabelecer ditos
com o fardão na ponta da língua

As palavras do poeta outrora
censurado
servem hoje de coluna ao diário de direita
de banheiro aos cães do centro financeiro

– Cães de guarda?
– Certo, como o poeta
que trocou a fala em risco
pelo liso da farda.

Crê que os títulos dependurados nos lábios
são os melhores argumentos 
e dedica-se aos títulos de crédito

O poeta fora de esquerda
agora, do lado em que depositam homenagens,
toda sua retórica política
consiste em distribuí-las
sem que mudem de lado

– Lado?
– Ladra. Em vão, porém.
Também as coleiras são ladras.
 


2 comentários:

  1. Você ganhou o Prêmio Guavira pelo livro "Cidadania da bomba", na categoria de contos. O resultado saiu hoje, no Diário Oficial do MS. Veja aqui: http://www.spdo.ms.gov.br/diariodoe/Index/Download/42493

    Tá na página 20.

    Parabéns!

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    1. Muito obrigado. A Secretaria de Cultura também me avisou hoje de manhã.

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