Os vereadores Renato Cinco e Tarcísio Motta já protocolaram representação no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro em razão de "improbidade administrativa, censura prévia, violação da liberdade de expressão e do princípio de não discriminação".
Observando as discussões recentes sobre censura, inclusive o ultraje pela que os vereadores de Porto Alegre fizeram contra charges neste mês, resolvi oferecer, nesta nota, alguns de meus livros para a leitura dos cariocas que não queiram conformar seus hábitos de leitura e sua higiene mental ao índice de livros proibidos da improbidade administrativa de inspiração cristã.
No caso de Porto Alegre, a censura política deveu-se à crítica ao governo federal feita por alguns dos artistas. Na cidade governada por um bispo, houve homofobia que é, segundo julgo, uma porta de entrada para o fascismo. O discurso de ódio contra homossexuais serve, assim como a transfobia, para que políticos autoritários vençam eleições e para que, em um momento seguinte, quem sabe, possam dispensar os pleitos e a escolha popular.
Lembrem-se do fantasma do "kit gay", que serviu para eleger a extrema-direita em 2018. A ideia de um "kit" desse tipo era absurda, ainda mais porque ele nunca foi visto em escola alguma. No entanto, muitos nele acreditaram porque, em nome do preconceito, o absurdo não só cria raízes como, em uma fase posterior, serve para demolir e incendiar florestas.
Ofereço, portanto, alguns de meus livros, que seriam proibidos pelo exorcista de plantão no Rio de Janeiro. Se a alguém interessar o gênero ensaístico, tenho o Para que servem os direitos humanos?, especialmente a passagem na página 13, que chamou a atenção de Eduardo Pitta em Portugal. Como sempre, se alguém quiser ler, basta clicar sobre a imagem e abrir a ligação em outra janela:
Se alguém tiver interesse em prosa de ficção, um exemplo é minha narradora lésbica deste conto de Cidadania da bomba:
Meu último livro de poesia, Canção de ninar com fuzis, tem alguns exemplos, como este, que trata de identidades, movimentos e da violência transfóbica:
No final de um poema, temos a fala de minha heroína trans de Cinco lugares da fúria:
Do livro de poesia O palco e o mundo, este entrelaçamento de gêneros e orientações:
Do livro de poesia Código negro, posso escolher este poema (porém este livro serve inteiro para ser censurado...);
Que os livros continuem servindo de muralhas contra o fascismo.
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