toda feita de espinhos,
vota na fome,
alimenta-se dos famintos.
A rosa do genocídio
odeia o vermelho,
expulsa essa cor
para fora dos corpos,
para dentro dos ralos.
para dentro dos ralos.
A rosa do genocídio
acampa diante dos quartéis.
Toda campa
é seu jardim.
Floresce ao inverso:
quando as moscas rodeiam o caule
sentimos enfim seu perfume.
O voo das borboletas
encerra-se sob folhas mortas.
Não sei que forças extrai da terra
a raiz da rosa do genocídio.
Os recursos se esgotam,
os rios secam,
as facas se aguçam,
todas as onças caem
com patas queimadas;
as nuvens tóxicas vestem a pele
também dos que a cultivam.
Suas pétalas, afiadas.
Estúpidos confundem-nas
com a sagração da primavera.
Rejeitam vacinas porque os espinhos
da rosa do genocídio
atravessam mais profundamente a carne.
Os admiradores da rosa do genocídio
não a colhem para vasos
ou arranjos florais.
São colhidos por ela
com bombas, mensagens automatizadas,
fuzis e orações.
Ela não se reconhece como rosa.
Prefere uma imagem mais viril,
como chacinas em creches
e estupros coletivos.
A rosa do genocídio escolhe o deserto;
se a chuva aparece,
ela exige a anulação das eleições.
Chove, outras plantas brotam, porém
ela só reconhece urnas em formato de foice.
Alguns não a reconhecem como flor,
mas como o próprio Messias,
a taxa de juros ou o dedo espetado
ao remendar a bandeira pátria.
Flor é, no entanto,
pode ser arrancada
como todas as outras pragas.
II
Educação a base de instrumentos de poda e agrotóxicos. Doutorado e outros cursos, mera reciclagem do jardim de infância após a chacina, jardim de seixos. Atirados. Ela desensina todas as cores, como se vestir da rosa do genocídio, senão sob diamantes colhidos por crianças escravizadas, eles brilham e desensinam a luz: o sol não se reconhece nestes pequenos espelhos da hediondez. Versão pós-atômica das armas de destruição em massa. A disposição de todos nas melhores lojas.
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