O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

sábado, 24 de julho de 2010

Impressões latino-americanas: Extermínio e matrimônio igualitário

Li no jornal argentino El Tiempo, de 21 de julho de 2010, que o velho chefe de registro civil da cidade de Concordia (e único advogado canônico de toda a província, ele mesmo ressalta), Alberto Arias, preferiria casar Alfredo Astiz (conhecido como "anjo loiro da morte" da ditadura argentina), um "pobre homem" segundo o funcionário, a casais do mesmo sexo.
Simples demonstração de velhos sentimentos contrários aos direitos humanos? Talvez, porém a observação é reveladora: parece denotar que, na oposição à lei do matrimônio igualitário e no apoio ao genocida, encontra-se em certos corações mais pios a mesma lógica: a do extermínio, tão presente na formação da sociedade argentina.
Afinal, foi a "solução" dada aos negros (há mesmo quem ignore que houve escravos negros aqui, e que foram mortos) e à grande maioria das comunidades indígenas. Uma "solução" condizente com o antigo mirar portenho para a Europa.
O matrimônio igualitário não deixa de ser também um fruto desse mirar, já que alguns países europeus precederam a Argentina nessa matéria - porém resulta de uma visão que contraria a velha lógica, e é a isso que os conservadores se opõem.

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