O fato é que qualquer religião só pode influir na sociedade de um modo que chame as vistas do governo pela força de sua moral.
Ora, esta é progressiva, como as ciências e as artes; não tem pois cabimento uma religião de Estado que se pressupõe competente para dar satisfação a todas as aspirações morais, por meio de seus princípios consagrados, quando aliás o coração humano é sempre maior que todos os dogmas, e Deus maior que o coração do homem. Notemos ainda:
A Igreja católica já não pode ensinar e dirigir as inteligências, porque ela precisa aprender, não pode moralizar e polir os espíritos, porque a sua moral é hoje muito inferior à moral social aumentada, como esta se acha, de sentimentos novos que a Igreja não conhece.
Assim escreveu Tobias Barreto (1839-1889), o jurista e poeta (melhor jurista do que poeta) brasileiro, em notas de 1870 divulgadas nos Estudos de Direito I, volume das Obras Completas publicado pela Record e pelo Governo do Sergipe em 1991 (organização de Paulo Mercadante, Antonio Paim e colaboração de Luiz Antonio Barreto).
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