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Após a proibição da burka na França e a condenação de Sakineh Ashtiani no Irã ao apedrejamento, é interessante lembrar desta poeta, teóloga e precursora persa do feminismo. Anticlerical, ela tomou várias atitudes revolucionárias: deixou de fazer as orações diárias, repudiou o marido e os filhos, pregou publicamente a religião Baha'i, que acabava de nascer, defendeu a igualdade entre os sexos. Foi executada em um dos vários momentos de massacre dos seguidores dessa religião por islâmicos.
Fátimih Zarrín Táj Baragháni nasceu provavelmente em 1817. Tornou-se conhecida como Ghorrat'ol Ein ou Quarratu'l-Ayn (já vi as duas transliterações; significam Consolação dos Olhos) e Tahirih (Pura).
Jovem, queria ter acesso à educação, o que lhe era negado por ser mulher. Seu pai, no entanto, consentiu que ela ouvisse suas lições (o que lembra a história de Isaac Bashevis Singer, "Yentl", entre os judeus). Ela tinha que se esconder atrás de uma cortina, para que os homens não vissem que havia uma mulher presente.
Recebeu o título de Tahirih pelo próprio profeta da religião Baha'i, o Bahá'u'llah, na Conferência de Badasht. Em um dos dias da Conferência ela apareceu sem véu, o que causou escândalo e o suicídio de um dos participantes. Era mais uma quebra das leis do Islamismo.
Foi estrangulada com seu próprio véu. Ela teria dito a seu carrasco que ele poderia matá-la quando quisesse, mas não conseguiria parar a emancipação da mulher.
Para os ignorantes que, como eu, não são capazes de ler os seus originais, é difícil ter acesso a seus escritos. O grande cantor e compositor Mohammad Reza Shajarian interpretou um de seus poemas, "Face a face", no disco "Masters of Persian Music". Recomendo essa interpretação, a música clássica persa é emocionante.
Lembro que é escandaloso reduzir a história do feminismo e a história dos direitos humanos ao Ocidente, o que é comumente feito pelos inimigos desses direitos, tanto à direita quanto à esquerda, nos dois hemisférios.
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