O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Memória como reserva de mercado, parte III

O projeto de lei PLS 308/2009 (sobre que comecei a escrever aqui: http://opalcoeomundo.blogspot.com/2010/08/memoria-como-reserva-de-mercado-parte-i.html) tem, entre suas previsões, uma cláusula Escrava Isaura:

Art. 4º São atribuições dos historiadores:
[...]
II – organização de informações para publicações, exposições e eventos em empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de televisão, sobre temas de História;

A cândida e genérica expressão "temas históricos" faz logo imaginar uma carreira televisiva para estes que a lei chama de historiadores, carreira que transbordará também para a ficção: não existem as telenovelas históricas? Escrava Isaura não é o maior sucesso de exportação na balança comercial da tevê brasileira?
Os escritores desse gênero deverão ampliar sua equipe para incluir os portadores de diploma em História (o que não é o mesmo que historiador - trata-se de outro erro básico do projeto) por força do artigo quinto do projeto, que torna a atividade acima privativa dessa categoria.
A cláusula Escrava Isaura deste projeto de lei (se ele for aprovado) será um grande trampolim para a globalização da classe dos portadores de diploma em História brasileiros!

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