Assisti hoje a uma conferência de Fábio Konder Comparato em auditório da Unesp na raça da Sé. Tratava-se de uma iniciativa da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST. O público flutuava entre setenta e oitenta pessoas. Quem já leu, entre os livros do jurista, ao menos A afirmação histórica dos Direitos Humanos e Ética, sabe que ele defende os direitos humanos como "critério supremo do controle do poder", e que eles "não existem apenas porque são declarados nas Convenções internacionais", e sim porque "correspondem à consciência ética da humanidade".
A visão dele parece-me mais histórica do que quem vê, à la Esposito, os direitos humanos como estatuto.
Em entrevista promocional que dei à editora de meu livro de 2009, perguntaram-me se o Irã não seria uma prova de que os direitos humanos são "letra morta". Pelo contrário, ele é a prova de que essa ideia nascida no Ocidente pode universalizar-se e, como valor, inspirar a ação e a resistência alhures. Escrevi isso aqui:
http://angnovus.wordpress.com/2009/07/14/padua-fernandes-entrevista-i/
http://angnovus.wordpress.com/2009/07/16/padua-fernandes-entrevista-ii/
Pude citar Carlos Nelson Coutinho, que, depois, em entrevista a Caros Amigos, revisitou seu ensaio de 1979 (A democracia como valor universal) para afirmar que a democracia não é universal de fato, mas universalizável. Claro que isto implica diversidade institucional correspondente à diversidade cultural no mundo. Seria impensável, por exemplo, pretender homogeneizar o mundo com, por exemplo, as soluções institucionais estadunidenses, ou de qualquer outro país determinado.
Alonguei-me sobre o livro, mas é que o dediquei a Comparato.
O palco e o mundo
Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras. Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem".
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