Espero lançar um romance, Gravata lavada, no dia 9 de dezembro na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. A editora é a Patuá, a mesma de O desvio das gentes, que publiquei em outubro de 2019.
Escrevi o livro, o meu primeiro neste gênero (já publiquei poesia, ensaio e contos), no início de 2017. Acabei revisando-o neste ano de 2019, e Eduardo Lacerda, o editor, manifestou interesse nele.
Eu mesmo escrevi a orelha, que espero que sugira o espírito desta escrita:
Com Mariano, entram em conflito policiais, editores de literatura, desembargadores e suas liminares, diretores de cinema, incels, recepcionistas de empresas do latifúndio, estudantes universitários reprovados, músicos pop machistas, o prefeito da cidade, diretoras de teatro, neonazistas em redes sociais, militantes cisnormativas, capangas do tráfico de escravos, professores de oficinas literárias, cristãos fundamentalistas, jurados de prêmios musicais, o secretário de assistência social, um filósofo mascote do liberalismo oitocentista, guardas municipais e outros de diversas espécies enquanto ocorrem audiências da comissão da verdade, chuvas de gafanhoto, linchamentos virtuais, sabotagem de equipamentos públicos por administradores neoliberais, resgate de trabalhadores migrantes, estupros, bancas de concurso para professor universitário, venda de balas nos semáforos, ocupação de imóveis vazios por movimentos de moradia, cerimônias em centro de umbanda, cantos de trabalho no metrô, uso de binders, arranjos musicais para canto e percussão, reciclagem do lixo urbano, troca de fotos de pacientes nuas em grupos de profissionais da saúde, cartas abertas de homens de bem, reportagens sobre pessoas em situação de rua, pareceres para revistas acadêmicas, interpretações da ária “Casta diva”, a publicação de um livro com título “Gravata lavada”.
Mariano, um homem negro e transexual, quer apenas escrever uma história sobre todos.
O título, claro, refere-se à célebre expressão de Teófilo Ottoni na Circular aos eleitores mineiros, de 1860, "nunca sonhou senão democracia pacífica, a democracia da classe média, a democracia da gravata lavada". O livro existe contra essa expressão e o que ela significa e, por essa razão, escolhi aquele trecho como a primeira epígrafe. A segunda, em espírito contrário (fiz o mesmo procedimento, de epígrafes que se contradizem, em Cinco lugares da fúria), tirei-a de Alberto Pimenta, do ensaio ¿Quién otorga los derechos del hombre?, que saiu em espanhol porque ninguém o quis publicar em Portugal.
Pimenta trata teoricamente do direito de ser o que se é, que continua a ser um assunto de vida e morte para as pessoas transexuais.
Na mesma ocasião, em 9 de dezembro, será lançado o mais recente livro de Fabio Weintraub, Quadro de força, também pela Patuá. Nele, está seu ciclo de poemas trans (tema em comum com Gravata lavada), alguns dos quais foram lidos pelo autor em 2018 na Printemps Littéraire: https://www.youtube.com/watch?v=GcXgGOqICCE&
P.S.: O livro está à venda: https://www.editorapatua.com.br/produto/112373/gravata-lavada-de-padua-fernandes
P.S.: O livro está à venda: https://www.editorapatua.com.br/produto/112373/gravata-lavada-de-padua-fernandes
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