O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tradução: Democracia de Rimbaud

Certa vez, em um editorial (http://www4.uninove.br/ojs/index.php/prisma/article/viewFile/2126/1630), resolvi fazer de linha central do meu texto algo melhor do que eu poderia ter escrito: Rimbaud.
Fiz minha própria tradução de "Democracia" (Démocratie), que é um poema em prosa de Les illuminations. Provavelmente ele espelha o massacre da Comuna de Paris, motivo de uma das fugas de casa de Rimbaud.
Na sua visão sarcástica do progresso e do imperialismo, temos aqui um anti-Comte.


"A bandeira segue na paisagem imunda, e nosso patoá abafa o tambor.
"Nos centros alimentaremos a mais cínica prostituição. Masacraremos as revoltas lógicas.
"Aos países lúbricos e sem fibra!" - a serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares.
"Adeus ao aqui, não importa onde. Recrutas de boa vontade, teremos a filosofia feroz; ignorantes para a ciência, astutos para o conforto; arrebente-se o mundo que vai. Esta é a verdadeira marcha; avante, a caminho!"

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