O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Fim do ano: um poema e uma canção

Traduzo um poema de Brecht, "Ich, der Überlebende", oportuno para quem ultrapassar o fim de 2011.
Ele pertence ao pequeno conjunto "Poemas no exílio".

Eu, o sobrevivente


É claro que sei: apenas por sorte
Sobrevivi a tantos amigos. Porém, hoje à noite, sonhando,
Ouvi esses meus amigos dizer: "Os mais fortes sobrevivem"
E eu me odiei.


Na tradução, como o samba de Candeia e gramáticos, adoto o infinito impessoal com o verbo ouvir.
Por sinal, se o Brecht é para abandonar 2011, esta canção de Candeia é para começar o novo ano: "Deixem-me ir, preciso andar [...] Ouvir os pássaros cantar./ Eu quero nascer, quero viver.", na interpretação clássica de Cartola, e na voz, aqui austera, de Ney Matogrosso.

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