Eu participei, a convite de Ana Rüsche, deste livro de circunstância #ForaTemer (
https://www.facebook.com/events/541154726064512/) e logo um editor me acusou de poesia cooptada.
Os organizadores de
Golpe Antologia-Manifesto são Rüsche, Carla Kinzo, Lilian Aquino e Steffani Marion. Eis o time de autores:
Ela pode ser baixada nesta ligação. Há vários gêneros no livro, especialmente conto, cartum e poesia. Nem todos os textos foram compostos especificamente para a ocasião, e alguns não tratam especificamente dela. O que fiz é um poema para esta circunstância.
Em
desacordo
I – Entrevista
– O voto
importa para o golpe?
– Sim,
pois sem voto, não haveria campanha e, sem campanha, não teríamos
financiadores. Trata-se de números, como em qualquer democracia representativa.
Segue-se que somente pessoas jurídicas têm direitos políticos e, seguindo
tecnicamente a gestão do descarte de sobras humanas, governam por meio de seus
periódicos prepostos.
– É
verdade que a democracia do país está tendo um caso com o golpe?
– Acompanhe
as notícias deste casal da tevê nas páginas de política, ou nas de fofoca ou
simplesmente nos anúncios dos patrocinadores, sempre a seção mais atualizada.
– Para o
golpe, o verde vale?
– Defende
a economia verde, isto é, usinas hidrelétricas em áreas indígenas e a ressignificação
de bacias hidrográficas por meio de rejeitos de mineração. As paredes das
usinas serão pintadas de verde, os rejeitos mudam de cor naturalmente com o tempo,
a mudança é o que vale.
– O
golpe combate a corrupção?
– Claro,
ele soprará sobre ela e com isso encherá arquivamentos, jantares, liminares e
outros bonecos infláveis da política.
– O
golpe valoriza a política?
– Sim,
porque ele a transforma em governabilidade, que tem um espaço duplo: paraísos
fiscais e valas anônimas.
– Segundo
o golpe, existe golpe?
– Não
existe ar para a própria atmosfera, entende? As águas nadam a seco.
– O
golpe é de direita ou de esquerda?
– O
Estado segue em frente, isso basta.
II –
Estrutura da federação