O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

"O Estado cobra dos olhos/ direitos da bala"





O Estado cobra dos olhos
direitos da bala;
a cegueira mostra aos olhos
como o Estado fala.

Viver na linha de tiro,
moradia crítica,
e o Estado abriga o tiro
na própria política.

Com a bala o Estado vê
enfim corpo adentro,
mas é no chão que revê
seu secreto centro:

o sangue, esteio mais sólido
da cidadania
de governos tão sólidos
quanto a hemorragia.

No entanto, existe a Justiça
e condena a luz
por ousar negar justiça
à ferida e ao pus

que tentarem sediar o Estado
em plena visão.
Tomou os olhos o Estado.
Nada mais verão.



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