I
Não se trata de impeachment,
mas desratização dos palácios.
II
A onça com as patas em chama,
não sabemos até que ponto caminhará.
Talvez chegue mais longe
do que o país incendiário.
III
Não há nada a ser feito. A fumaça envolve tudo.
Esperar que o fogo se canse
e se encerre sob a terra.
O ecoturismo, ou o forte da região,
os visitantes procuram espécies endêmicas, monstruosas:
os filósofos que sustentam que o impeachment só deve ser usado quando indevido,
os pastores que anunciam o messias no milagre da eleição do peculato,
os jornalistas que anunciam que genocídio, desertificação, corrupção, incêndio, assassinato político,
apologia ao trabalho escravo e doação paga do país aos estrangeiros,
nada disso é motivo para impeachment,
tudo não passa de constitutional hardball
se o governante não é de esquerda.
A cada momento que o vento mudar,
as faíscas ocultas podem voar até você,
o fogo envolvê-lo inteiro
como o capital.
IV
O sacrifício da onça
das patas queimadas;
antes sacrificar o país do que uma onça,
embora talvez a morte dela
seja o anúncio do fim do país.
V
Não basta impeachment,
mas a explosão de palácios.
Cupins não adiantariam,
o palácio é tanto mais vasto
quanto mais oco.
Os animais tentam passar meio cegos
pelas áreas em brasa;
morrem com as patas queimadas.
A explosão dos palácios
fecharia os braços da fumaça,
abriria os olhos dos animais.
VI
As patas em chama da onça
pisam sobre o país,
pisam sobre o país,
incendeiam-no.
Para andar neste país
é necessário imitar o fogo.
O que foi encerrado com a cinza?
O calor? As águas? Não
a fome.
VII
Uma arquitetura inspirada em tocas de ratos.
Uma política plagiadora
não exatamente da arquitetura que copiou as tocas de ratos,
mas da falta de saneamento
e redes de esgoto
das tocas de ratos.
Na garatuja ininteligível
dos planos que previram a falta de esgoto e saneamento
de tocas de ratos
abriga-se todo o governo.
Bombas apenas não serão suficientes
para demolir a falta.
VIII
A onça vive.
Seus dentes têm chamas.
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