O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

"Se o dia D/ fosse o mesmo que aDia"

I

Se o Dia D
fosse o mesmo que aDia
a luz, o sol, o ciclo das coisas
que esperam a noite rasa dos corpos insepultos
acabar?

Se a letra D do Dia D
fosse a mesma que arDia
na febre que os corpos
para a noite rasa da putrefação ao relento
arrasta?

Se a Hora H
fosse a mesma da bomba,
que general acertaria o próprio relógio
pelo instante que 
exploDia?

Se a Hora H
e o Dia D
fossem anunciados
por quem combate o
ABC?

Seria um filme B. Besta, bosta. 
Basta.


II

As 
Armadas
Anunciam: os
Ares
Agora
Assumem o pau de
Arara

Aprendem
A
Assassinar
A
Aviltar os
Arfantes
Aprisionados
Ao
Aço da
Agonia

Antes do
Apagamento do
Apagão
À vista 

As 
Armadas
Arquitetam

Alterar
A
Atmosfera em
Asfixi
a


III

Se assassinos são eleitos,
nem os túmulos se salvam,
também a democracia
morre após assassinar,
e a morte chora sozinha

trocada por um meme
por robôs multiplicado
mais eficaz do que ela
para que os homens enfim
se reclinem sobre a terra.


IV

Verme e
Vírus à
Vista

Verme e
Vírus
Vêm

Veloz a 
Voragem

Vasta a de-
Vastação

Voraz é a 
Vitória e a
Voracidade
Venceu

Várias
Vítimas de-
Voradas

Vírus e
Verme
Vomitam


V

Impuseram o segredo
ao exame de fezes do verme:
infecto pelos fascistas.

Com o veneno correto,
até as fezes do verme
voltarão a ser sadias.

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