Caem árvores,
porém não
o prefeito;
assim crescem
os mil ramos
do deserto
e dão sombra
ao desastre
reeleito.
Mil enchentes,
mas a sede
do prefeito
quer sugar
maremotos
no deserto,
águas-vivas
calcinando o
próprio leito.
Rios queimam
na saliva
do prefeito
quando brinda
com as chuvas
ao deserto
que respinga
das mil taças
no seu peito.
Caem árvores,
mas nenhuma
no prefeito
que por onde
ele passa
é o deserto
ou a terra
prometida
aos insetos.
Na madeira
devastada
sopra o vento
que a carrega,
que empilha
os gravetos
numa ponte
para o nada.
O prefeito
a atravessa
e o pedágio
do trajeto
a cidade
paga-o em juros,
dividendos
ao mercado
nu com in-
vestimentos,
Crescerão
as sementes
se o dinheiro
vende enchentes
e especula
com os pleitos
nos gestores
do deserto?