O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Um concurso literário babélico?

A Revista 451 divulgou na internet que um prêmio nela anunciado, "International Babel Book Award", estrangeiro mas dedicado à língua portuguesa neste ano, estava sendo alvo de suspeitas dos meios editoriais e literários. O Globo noticiou as suspeitas e acrescentou que a organização do prêmio não havia respondido às dúvidas da redação.
Fui dar uma olhada e notei que este prêmio (http://babelbookaward.com/#the-top-menu) tem um curador fantasma; sua foto é de outrem:



O alegado intelectual, de que não há menção na Kunstuniversität Linz, aparece com a foto de um jornalista russo.
O Babel já teria sido auferido por dois escritores, segundo o portal do prêmio. No entanto, não achei nenhuma referência a Ilse Aichinger, que já morreu, tê-lo ganhado.
Também me parece estranho o fato de que a notícia de que Hasan Azizul Huq em 2017 teria ganho esse prêmio só apareceu na Wikipedia anglófona (se alguém achar alhures...), e inserida por um usuário anônimo em fevereiro deste ano:

 


Curiosamente, o IP do usuário é de São Paulo, dos Jardins:


O verbete em português somente foi criado depois dessas alterações em inglês, feitas no Brasil.
Também singular é que a página na língua de Hasan Azizul Huq não menciona o tal Babel Award, apesar de ela, aparentemente, ser bastante completa: https://bn.wikipedia.org/wiki/হাসান_আজিজুল_হক
Claro que tudo pode não passar de informações desencontradas de um prêmio novo, embora com tantos recursos (promete 200 mil euros). Apesar disso, compreendo que as pessoas desconfiem da situação, tendo em vista que a literatura brasileira entrou em fase de "fake news", até com obras assinadas por autodeclarados pseudônimos. De qualquer forma, será interessante acompanhar o caso e verificar os esclarecimentos.


Atualização em 25 de março de 2018: Parece que o prêmio com foto falsa de curador (que nega qualquer vínculo com a coisa), nunca dantes fato recebido por ninguém e completamente desconhecido por seus mencionados patrocinadores, surpreendentemente, não existe, como afirma Paulo Werneck.

Um comentário:

  1. Olá, Pádua. Belo trabalho de pesquisa, bom serviço à literatura. Saudades. Abraço afetuoso.

    ResponderExcluir