O vírus avisa: tudo sob controle,
sabemos de quem.
O Estado reage à pandemia:
o Exército monitora cemitérios.
O Estado reagiria à pandemia,
porém o vírus não pode ser capturado,
torturado
ou executado extrajudicialmente.
O Estado reagirá à pandemia,
não se vedou
a importação de bombas.
Os primeiros dados a serem informados ao Exército.
Locais para valas clandestinas
já garantidos para o crime organizado ou não.
Locais para ossadas
já selecionados pela nossa última ditadura
e ainda com vagas para o atual regime democrático.
Locais no sistema digestivo dos peixes
para os corpos excedentes das estatísticas prévias
das mortes futuras.
Outras informações necessárias para monitorar a pandemia.
Volume de combustível para escoltar
a convocação dos moradores
para extorsão pelo crime organizado.
Peso das pás para que os próprios agonizantes
possam cavar seu espaço na pandemia
após a queda da quarentena.
Número de computadores para apagar
os rastros na terra
da lei,
dos sonetos,
dos salvo-condutos
da razão.
Enfim, os dados estritamente secretos
para a devida formação do Exército.
Necessidade de bombas para dispersar os mortos.
Quantidade de aparelhos de choque para confundir os mortos.
Universalidade do arsenal
para finalmente assassinar os mortos.
São os únicos que se revoltam.
O palco e o mundo
Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras. Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem".
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