O palco e o mundo


Eu, Pádua Fernandes, dei o título de meu primeiro livro a este blogue porque bem representa os temas sobre que pretendo escrever: assuntos da ordem do palco e da ordem do mundo, bem como aqueles que abrem as fronteiras e instauram a desordem entre os dois campos.
Como escreveu Murilo Mendes, de um lado temos "as ruas gritando de luzes e movimentos" e, de outro, "as colunas da ordem e da desordem"; próximas, sempre.

terça-feira, 30 de junho de 2020

O demoníaco de dizer oportunamente o que ninguém ousava abertamente

Trata-se de carta de Carl Gustav Jung a Horst Scharschuch, escrita em 1952. O texto repete os costumeiros ataques do psicólogo ao comunismo e à arte moderna, porém traz esta observação interessante, que não encontrei no restante da correspondência:
O demoníaco [...] baseia-se no fato de que há forças inconscientes de negação e destruição e de que o mal é real. [...] A magia de Hitler, por exemplo, consistia em dizer oportunamente o que ninguém queria expressar abertamente, porque o considerava de qualidade duvidosa e inferior (o ressentimento contra os judeus, por exemplo). O demoníaco de Hitler estava no fato de que seu método era de uma eficácia medonha e de que ele mesmo se tornou vítima clara do demônio, que tomou posse total dele.
Posse total até, enfim, a própria destruição final. O trecho citado está na coleção Cartas, organizada por Aniella Jaffé e Gerhard Adler, publicada em três volumes pela Vozes no Brasil, em tradução de Edgard Orth. 

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